Equipe DefesaNet
No período de 7-11 MAIO 2017, o US Army e o Bundesheer (Exército da Alemanha) organizaram o 2º Strong Europe Tank Challenge (SETC), em Grafenwoehr, sul da Alemanha. O primeiro foi realizado ano passado, no campo de Bergen Hohne, ao norte da Alemanha.
A última vez que ocorreu uma competição de Carros de Combate, em Grafenwoehr, foi em 1991, com a última edição do Canadian Army Tank. Mais conhecido pela sigla CAT.
Com a queda do muro de Berlim(1989), mais a grande movimentação de unidades blindadas para a 1ª Guerra do Iraque (1991), que acabaram não retornando para a Alemanha e o pós-guerra fria, terminaram as competições entre pelotões de Carros de Combate. Inclusive os Estados Unidos acabaram retirando as unidades blindadas da Europa e a própria Alemanha reduziu em muito sua força de Leopard 2, vendendo mais de 1.500, de uma frota de 2.150.
Participaram pelotões dos seguintes exércitos com seus equipamentos:
1 – US Army – 1st Battalion, 66th Armor Regiment, 3rd Armored Brigade Combat Team, 4th Infantry Division – MBT M1A2 SEP v2
2 – Alemanha – Bundesheer – Leopard 2A6
3 – Ucrânia – T-64BM
4 – França -501e Régiment de Chars de Combat, 3e Division Maneuver – Char Leclerc
5 – Austria – Leopard 2A4
6 – Polônia – Leopard 2A5
A Competição
A Strong Europe Tank Challenge (SETC) não é somente uma competição de precisão de tiro, para carros de combate, mas testar ao limite as pressões das atividades a que a tripulação e um pelotão de Carros de Combate está sujeita no teatro de operações moderno.
Nos quatro dias da competição foram realizadas ações ofensivas e defensivas, identificação de alvos, avaliação de danos de combate e manobras de precisão.
Os pelotões competiram em 12 eventos, com um somatório total de 1.500 pontos possíveis. Os pelotões testaram tiro em movimento, em manobras ofensivas e defensivas, com a possibilidade de 500 pontos em cada evento. Os outros 10 eventos somavam 50 pontos cada um.
As equipes enfrentaram provas que desafiaram as suas habilidades de reação aos fogos indiretos, ataques NBQ e Artefatos Explosivos Improvisados (IEDs).
O tratamento e evacuação de feridos para veículos de recuperação. Além das capacidades físicas em transportar sapatas das lagartas ou corrida de obstáculos.
Os pelotões tiveram de identificar 30 veículos amigos e inimigos, determinar as distâncias dos alvos sem usar o telêmetro laser ou o sistema ótico do carro de combate, e a solicitação de apoio de fogo.
Realizar operações de recupéração com vestimentas de proteção QNBR não é uma tarefa simples Foto US Army
Cada tripulação foi testada na habilidade de reportar de forma acurada e dirigir o carro de combate em um percurso com obstáculos sem o emprego dos sistema de visão dos carros de combate.
Os demais eventos incluíam provas físicas, que requeriam que os tripulantes saíssem das viaturas para uma corrida, levando munição, cabos de tração e rodas, e uma competição de tiro prático com pistola.
País |
MBT |
Canhão |
Trip. |
Obs. |
USA |
M1A2SEP v2 Abrams |
120mm alma lisa |
4 |
Incorpora mod. Guerra Iraque |
Alemanha |
Leopard 2A6 |
120mm alma lisa |
4 |
Canhão 55 calibres |
Áustria |
Leopard 2A4 |
120mm alma lisa |
4 |
Canhão 44 calibres |
Polônia |
Leopard 2A5 |
120mm alma lisa |
4 |
Canhão 55 calibres |
França |
Leclerc |
120mm alma lisa |
3 |
Carregador Automático |
Ucrânia |
T-64BM Bulat |
125mm alma lisa |
3 |
Carregador Automático |
“Char” Leclerc chega 30 anos atrasado
Carro Leclerc, joia dos arsenais franceses que chegou atrasado ao cenário mundial Foto – US Army
Para os franceses a primeira participação em uma competição de carros da OTAN, como a Strong Europe Tank Challenge (Não participavam do CAT pela inadequação do AMX30), ficou o gosto amargo de ter chegado tarde.
Talvez um dos melhores Carros de Combate desenvolvidos e produzidos no final do século XX acabou chegando tarde ao cenário estratégico mundial. Deixou o caminho livre para o alemão Leopard 2 e o americano Abrams M1 conquistarem os louros nas últimas 3 décadas.
O Carro AMX 30 era muito inferior aos europeus da mesma geração (Leopard 1, M-60 e Chieftain) e considerado com pouca blindagem. Na campanha Desert Storm, as forças francesas foram deslocadas para cobrir um flanco pelo receio com o equipamento.
O Leclerc opera no Armée de Terre francês e o do Emirados Árabes, único cliente conquistado.
Os Ucranianos
Bela foto de um carro de combate T-64BM disparando seu canhão de 125mm
Outro ponto marcante é a participação da Ucrânia com o carro mais antigo e limitado de todos, embora modernizado, é baseado no soviético T-64, da década de 70, que era produzido nas plantas em Kharkov, Ucrânia. Modernizados com novos sistemas de tiro foram entregues ao Exército Ucraniano em 2005. Participaram de combates no leste da Ucrânia.
A participação dos tanquistas Ucranianos foi acompanhado pela imprensa como a participação em um competição esportiva tão relevante como a Copa do Mundo.
O carro T-64BM mostrou uma característica interessante o seu pouco peso (45t), para suportar a força de recuo do canhão de 125mm. Leva um certo tempo para estabilizar o carro. Os MBT Leopard 2, M-1 e Leclerc estão na faixa das 55t +60t.
Sem dúvida as tripulações sucranianas superam com intenso treinamento a limitação tecnológica de seu carro de combate.
Áustria
A vitória da Áustria é significativa pois como resultado dos acordos pós Segunda Guerra Mundial só foi permitido, pelos Soviéticos, ao país ter um exército bem limitado. Sem forças blindadas significativas. Capacidade que só foi recuperada quando recebeu os Leopard 2A4 adquridos à Holanda a partir de meados dos anos 2000.
O resultado
Somando as 12 competições do a classificação final apresentou o seguinte resultado.
Colocação |
País |
MBT |
1 |
Áustria |
Leopard 2A4 |
2 |
Alemanha |
Leopard 2A6 |
3 |
USA |
M1 Abrams SEP v2 |
4 |
França |
Leclerc |
5 |
Ucrânia |
T-64BM |
6 |
Polônia |
Leopard 2A5 |
Este resultado tem de ser visto sob vários ângulos. Retratam muito mais um grande balizador do treinamento e proficiência da tripulação e também afere a cadeia logística e manutenção. Não indica superioridade absoluta de um equipamento sobre outro.
Multiplique por 4 tripulações para ter um pelotão. Este custo tem de ser cuidadosamente mensurado. Qual o nível de proficiência quer o Comando? Quantos tiros reais serão disparados. A simulação exerce um efeito importante, mas a pressão de um exercício real é insuperável.
Como última ação aconteceu o que foi chamado "SETC 2017 Friendship Shoot and Platoon Live Fire". Foram posicionados seis carros de combate, um de cada páis competitor, e feitos vários disparos. Uma oportunidade única para os estudiosos e apaixonados pela arma blindada.
Para o 2018 é prevista a participação da Suécia, com uma versão aperfeiçoada do Strv 122 (Leopard 2A5 padrão sueco), e também que o Exército Britânico compareça com o Challenger 2. A última participação com o Challenger I, no CAT de 1987, foi um desastre que originou o desenvolvimento da versão II para solucionar os problemas. E o Canadá com o Leopard 2 (2A6 ou 2A4M) também fará parte do Strong Europe Tank Challenge 2018.
AÇO